Pelourinho Salvador, Bahia

Pelourinho: Patrimônio da Humanidade no Centro Histórico de Salvador

História do Pelourinho

O termo pelourinho era utilizado para nomear uma coluna de madeira ou pedra erguida em praça pública para castigar criminosos. Idealizado na Europa na Idade Média, esse hábito foi trazido para o Brasil pelos portugueses no período da fundação da cidade de Salvador, assim nomeada para homenagear Jesus Cristo. Fundada por Tomé de Souza em 1549, por questões convencionais, a cidade “fortaleza” foi construída na parte mais alta da região em frente ao porto, protegida por extensas e estratégicas muralhas, onde se construíram sofisticados casarões, sobrados e igrejas, inspirados na arquitetura barroca por volta do século XVII.

Inicialmente, no Brasil, o pelourinho era construído apenas nas fazendas dos senhores de engenhos para castigar seus escravos. Entretanto, para demonstrar autoridade à população, os senhores de escravos juntamente com as demais autoridades da região resolveram construí-lo no centro da cidade, em frente à Casa da Câmara e da Cadeia – atual Câmara de Vereadores – onde não apenas escravos, mas também criminosos passaram a ser punidos publicamente. No início do século XVIII, o mesmo foi transferido para o Terreiro de Jesus, porém a pedido dos jesuítas foi removido para a praça do Mercado – então praça Castro Alves. Finalizada a escravatura no país, mais tarde, em meio a comemorações da Independência Brasileira, o compreendido símbolo da opressão e da injustiça foi derrubado por manifestantes.

O pelourinho passou a ser ponto de referência da cidade, nomeando assim, com o passar dos anos, o mais antigo bairro soteropolitano, a saber o Pelourinho, o qual até o início do século XX abrigou as famílias aristocratas tradicionais, que em busca de um novo estilo de vida se mudaram para o corredor da Vitória. A partir de então, surge a história do maior e mais famoso ponto de prostituição e de tráfico de drogas da cidade, cuja trajetória perdurou por muitas décadas. Posteriormente, o valioso patrimônio foi tombado pela Unesco (Organização das nações Unidas para a Educação, Ciência e Cultura) e submetido, em 1991, a um processo de reabilitação que resultou na origem de um grande centro cultural.

Localizado no Centro Histórico de Salvador, o Pelourinho é um dos mais ricos e significativos cartão postal da cidade, assim reconhecido não apenas pela sua história, mas também pela bela paisagem oferecida e pela sua riqueza agrupada no conjunto arquitetônico barroco-português constituído aproximadamente de 354 construções dos séculos XVII, XVIII e XIX. Riqueza esta que compõe sua pequena área geográfica compreendida entre o Terreiro de Jesus e a Igreja do Passo. Do seu pequeno espaço, atualmente, fazem parte a Igreja do Carmo, Igreja de São Francisco, Fundação Casa de Jorge Amado, Escola de Medicina, Museu da Cidade, Museu Abelardo Rodrigues, Teatro Miguel Santana, Museu Knoph e sede do grupo Afoxé Filhos de Gandhi e da Banda Olodum, além dos diversos bares, lojas, galerias de arte e restaurantes também distribuídos em suas ruas, praça e largos.

 

Entenda as ruas do Pelourinho

 

Rua Alfredo de Brito  Histórico: Rua Alfredo de Brito. Explicação: Em homenagem a Alfredo Thomé de Britto (1866- 1909), o qual atuou como diretor da Faculdade de Medicina da Bahia entre 1901 a 1908.

Rua Francisco Muniz Barreto  Histórico: Rua Francisco Muniz Barreto. Explicação: Em homenagem ao professor e poeta baiano Francisco Muniz Barreto, cujo nome teve destaque na história brasileira por participar em 1797 da fundação da Academia dos Renascidos, associação literária onde se discutiam ideais iluministas e problemas sociais que afetavam a população.

Rua Frei Vicente  Histórico: Rua Frei Vicente. Explicação: Em homenagem a Vicente Rodrigo de Palha, frei baiano (provavelmente nascido em 1564) formado em Teologia e Cânones pela Universidade de Coimbra e autor da primeira obra denominada História do Brasil.

Rua Gregório de Matos   Histórico: Rua Gregório de Matos. Explicação: Em homenagem ao poeta barroco brasileiro, Gregório de Matos, o qual em função de suas poesias satíricas tornou-se conhecido como “Boca do Inferno”. Gregório nasceu em Salvador em 1613 e faleceu em 1695 em Recife.

Rua Inácio Acioli  Histórico: Rua Inácio Acioli. Explicação: Em homenagem a Inácio Acioli de Cerqueira e Silva, cronista-mor do Império, e autor de Memórias históricas e políticas da província da Bahia (1843) e Corografia ou descrição física, histórica e política da província de Grão Pará (1833).

Rua João de Deus  Histórico: Rua João de Deus. Explicação: Homenagem ao poeta e pedagogo português João de Deus (1830-1896), autor da Cartilha Maternal (1876), a qual continha um novo método de ensino de leitura.

Rua das Laranjeiras  Histórico: Rua das Laranjeiras. Explicação: Conta-se que nessa rua morava um padre que em cuja vida pessoal havia irregularidades. Desconfiando de que era espionado por alguém que se escondia na laranjeira existente em seu quintal, numa certa noite decidiu derrubá-la , vindo ao chão, além da árvore, a “ave noturna”, que nela se aninhava para espioná-lo. A partir de então esta rua ficou conhecida como Rua da Laranjeira.

Rua Padre Agostinho  Histórico: Rua Padre Agostinho. Explicação: Em homenagem ao Padre Francisco Agostinho Gomes, ilustre figura brasileira, cujo mérito deveu-se além de suas ações como religioso, como também pela sua participação em questões relacionadas à Conjuração Baiana, à Revolta dos Alfaiates, etc.

Rua Santa Isabel   Histórico: Rua Santa Isabel. Explicação: Em homenagem à filha de D. Pedro III, Isabel Aragão (1271-1336), rainha de Portugal. A Rainha Santa Isabel, como era conhecida, foi beatificada em1516 pelo Frei Damião. Rua 12 de outubro – A.G.: humano / rua.   Histórico: 12 de outubro. Explicação: Data em que ocorreram importantes fatos históricos no país: em 12 de outubro de 1822 o Brasil declarou oficialmente sua independência a Portugal e D. Pedro I foi proclamado Imperador do Brasil.

Rua do Passo – A.G.: humano / rua.  Explicação: A expressão “Passo” é de origem portuguesa e refere-se aos passos de Jesus no caminho ao Calvário, cuja caminhada era representada tradicionalmente pelos portugueses entre os séculos XVIV e XVIII através da “Procissão do Senhor Jesus dos Passos”. Essa tradição foi trazida ao Brasil pelos jesuítas no século XVI.

Rua do Bispo  Histórico: Rua do Bispo. Explicação: Não foi encontrado nenhum tipo de informação sobre sua possível motivação.

Praça Anchieta Histórico: Praça Anchieta. Explicação: Em homenagem ao padre José de Anchieta (1534 – 1597), cujo talento como poeta e dramaturgo, o premiou como o mais antigo vulto da literatura brasileira. José de Anchieta foi beatificado em 22 de maio de 1980 na Catedral Brasílica na cidade de Salvador.

Largo do Carmo Histórico: Rua nossa Senhora do Carmo, Rua do Carmo, Largo Nossa Senhora do Carmo, Largo do Carmo. Explicação: Também conhecida como rua do Carmo, foi assim nomeada por abrigar a Igreja e Convento Nossa Senhora do Carmo, conjunto arquitetônico construído no século XVI.

Largo do Cruzeiro de São Francisco. Histórico: Cruzeiro de São Francisco, Largo São Francisco, Largo Cruzeiro de São Francisco. Explicação: Assim denominado em nome do cruzeiro que havia na entrada do grande Adro de São Francisco, erguido por iniciativa dos frades da Ordem Franciscana que vieram da Paraíba para ajudar os jesuítas a catequizar os índios no século XVI.

 

Referência: Joana Angélica dos Santos.